sábado, 16 de outubro de 2010
Dafra Apache RTR 150 CC
Depois de ter as primeiras impressões na pista de testes da TVS, na Índia, era hora então de colocar a prova a nova street Apache RTR 150, que é fabricada e vendida no Brasil pela Dafra. Rodamos por uma semana com a Apache na cidade de São Paulo, mas fomos além: para comprovar a resistência da moto de 150 cc fomos para a estrada com o primeiro modelo fruto da parceria entre a indiana TVS e a brasileira Dafra. A pequena street encarou uma viagem ida e volta entre São Paulo e Brasília (DF), num total de 2.195 quilômetros. Ao longo desta aventura, a moto fez sete abastecimentos e passou por três estados: São Paulo, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal.
Mas como foi o comportamento da Apache na estrada? A moto é confiável? Qual foi o consumo médio? A Apache oferece boa iluminação noturna? Como é a posição de pilotagem? Para responder estas e outras perguntas convocamos um experiente piloto, Luiz Artur Cané, presidente do Movimento Brasileiro de Motociclistas, ONG criada para defender os interesses dos motociclistas, para esse teste de longa duração.
Com 1,90 m e 110 quilos, Cané é motociclista há 35 anos e é proprietário de uma Suzuki V-Strom DL 1000 e uma pequena Honda CG 150. Acostumado a viajar com motocicletas de baixa cilindrada, nosso piloto convidado tem parâmetros para verificar pontos positivos e negativos do modelo de origem indiana, que recebeu cerca de 80 modificações para chegar ao mercado brasileiro.
De São Paulo à Capital Federal, que acabou de completar 50 anos, Cané rodou pouco mais de mil quilômetros, em 16 horas e fez apenas três paradas para abastecer: Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG) e Cristalina (GO). Rodando a uma velocidade média de 80 e 90 Km/h, a Apache RTR 150 teve consumo médio de 30,13 Km/por litro de gasolina na ida até Brasília. Portanto, com capacidade para 16 litros de gasolina, a Apache tem autonomia de cerca de 450 km.
Claro que a estrada não é o habitat natural da nova Dafra, mas para muitos brasileiros uma motocicleta como essa é a única opção de transporte, seja para rodar na cidade, na estrada e até no campo.
Motor e consumo
Em quase dois mil quilômetros rodados, a Apache teve a pior média de consumo entre as cidades de Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG), com 27,57 Km/l. Já a melhor marca foi entre os municípios de Cristalina e Ipameri, ambos no estado de Goiás, com consumo médio de 33,20 Km/l.
Como o monocilíndrico, quatro tempos, duas válvulas, com comando simples no cabeçote (OHC), da Apache 150 é alimentado por carburador seu consumo fica abaixo de outros modelos “injetados”, como a Honda CG 150 Titan que pode rodar até 41, km/litro de gasolina.
Porém no quesito desempenho, o propulsor da Apache não fica devendo em nada: gera 14 cv de potência máxima a 8.000 rpm e 1,27 kgf.m de torque máximo a 6.000 rpm. Na prática, nosso “piloto de testes” de longa distância confirmou os números declarados: a Apache tem mais vigor entre 7.000 e 7500 rpm.
Ciclística e ergonomia
Para um piloto alto e pesado, a tarefa de guiar um modelo de baixa cilindrada não é das mais confortáveis. Luiz Artur Cané achou a posição de pilotagem da Apache um pouco esportiva demais para uma longa viagem como essa. Porém, o modelo oferece regulagem da posição das pedaleiras e também dos semiguidões.
Com relação às suspensões (garfo telescópico e bichoque) e freios, o conjunto está de acordo com a proposta da motocicleta. Destaque para o eficiente freio dianteiro, que conta com disco simples de 270 mm de diâmetro e pinça de dois pistões. Outros fatores que contribuem para o equilíbrio da motocicleta são o quadro tubular em berço duplo, feito em aço, e os pneus Pirelli Sport Demon.
Para facilitar a vida do piloto, a moto conta com outros elementos que transformaram este teste em uma viagem segura. Por exemplo, em uma pilotagem noturna, o farol da Apache oferece boa iluminação, importante para desviar de buracos e evitar o atropelamento dos muitos animais que cruzam as rodovias do planalto central. As duas buzinas fixadas na parte frontal da moto – com um som potente – cumprem perfeitamente seu papel de alertar sobre a circulação do veículo de duas rodas.
Outro ponto positivo foi o completo painel de instrumentos, que lembra o utilizado na nova Yamaha Fazer 250. Conta com dois hodômetros (parcial e total), indicador de combustível, indicador de carga de bateria, memória de velocidade máxima, sistema programável de alerta de manutenção, velocímetro digital, relógio e mostrador analógico de rotações.
Também na cidade
Rodando na capital paulista, a Apache RTR 150 não se impressiona com o trânsito caótico dos grandes centros, já que foi concebida para circular pelas populosas cidades indianas como Nova Delhi e Bangalore. O cenário urbano é a sua casa e a moto consegue rodar com bastante desenvoltura entre os automóveis. Ágil e com torque suficiente para largar na frente dos carros quando o semáforo abre, o único “defeito” notado foi a perda da precisão do câmbio. Depois do uso intenso, tornou-se difícil encontrar a posição “neutra”.
Consultado, o departamento de desenvolvimento da Dafra declarou que uma simples regulagem do manete de embreagem poderia solucionari o problema. Outro dado relevante: a primeira revisão deveria ter sido feita com mil quilômetros. Como a recomendação não foi cumprida, já que a moto estava na estrada, o piloto ficou atento ao nível de óleo do motor que, em nenhum momento, ficou abaixo do mínimo recomendado. Mesmo depois da prova de fogo, já de volta a São Paulo, a moto não apresentou nenhum tipo de vazamento ou fadiga dos componentes.
Outro argumento de vendas, a Apache chama a atenção por seu porte e desenho. Nos reabastecimentos ou paradas, era comum reunir vários curiosos para conferir de perto a novidade da Dafra/TVS, conta Luiz Cané. Muitos elogiavam o conjunto óptico, as rodas de liga leve com frisos refletivo, o spoiler sob o motor e a lanterna traseira em LEDs. Neste teste de resistência, em que rodamos quase 3.000 km por estradas e vias urbanas, a moto cumpriu o que promete e não apresentou problemas.
FICHA TÉCNICA:
Motor: Monocilíndrico, OHC, Quatro tempos, refrigerado a ar
Cilindrada: 147,5 cm³
Diâmetro x Curso: 57,0 x 57,8mm
Taxa de compressão: 9,5:1
Potência máxima: 14 cv a 8.000 rpm
Torque máximo: 1,27 kgf.m a 6.000 rpm
Carburador: Mikuni BS-26
Partida: Elétrica e a pedal
Sistema de lubrificação: Forçada
Chassis: Tubular em aço com berço duplo
Suspensão:
Dianteira: Telescópica, com 105 mm de curso
Traseira: Bichoque, a gás, com 50 mm de curso e cinco estágios de ajuste
Freios:
Dianteiro: Disco simples de 270 mm de diâmetro e pinça de dois pistões
Traseiro: A tambor, com 130 mm de diâmetro
Pneu e rodas:
Dianteiro: Pirelli Sport Demon 90/90 R17 em roda de liga leve
Traseiro: Pirelli Sport Demon 100/80 R18 em roda de liga leve
Alt X Larg X Comp: 1.100 mm X 730 mm X 2.020 mm
Distância entre-eixos: 1.300 mm
Altura mínima do solo: 180 mm
Altura do banco: 790 mm
Tanque de combustível: 16 litros (reserva de 2,5 litros)
Cores: Preta, amarelo pérola, vermelho cereja e grafite
Preço: R$ 6.550,00
FOTOS: Gustavo Epifanio e Luiz Artur
Aldo Tizzani
[Por:Agência Infomoto]
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