Nossa idéia era de um teste completo, pois o prazo dado pela fábrica comportaria esse trabalho. Tínhamos em mãos o modelo para fabricação em Manaus a partir de 2010, mas infelizmente a unidade disponível era uma pré-série fabricada na Tailândia.
Ela tinha apenas as adaptações necessárias ao nosso mercado. E essa adaptação foi realmente feita; vejam os fatos: Pelo motivo explicado anteriormente o veículo não podia ser emplacado e, portanto, ficamos restritos a rodar em áreas particulares, pois não nos foi possível circular em vias públicas.
Apesar disso conseguimos realizar uma boa avaliação apenas devendo ao leitor, rodar a quilometragem necessária para uma avaliação completa do consumo e conforto em longos percursos.
O caráter dessa pequena Ninja é realmente esportivo, mas não deixa os iniciantes e despreparados com uma moto explosiva nas mãos. O consumidor ao comprar uma pequena Ninja 250 R vai receber duas motos numa embalagem só.
É que o motor conta com muita tecnologia e se comporta como uma pequena 125 nas rotações baixas, até 5000 ou 8000 RPM. Após essa faixa ele “acorda” de forma parecida com uma dois tempos com válvula no escapamento e acelera como uma autêntica superesportiva.
Este comportamento mostra que a Kawasaki, diferente de algumas outras marcas, fez sua lição de casa. A injeção nesse modelo pré-série está perfeitamente adaptada à condição em que usamos a moto: 1100 m de altitude e nenhuma falha ou hesitação do motor. Já sabem como fazer nos modelos de série.
Para conciliar a esportividade do Ninja com o comportamento educado de uma gueixa, além do motor, o resto da moto foi desenvolvido para esse uso bem amplo. O chassi conta com uma geometria que se comporta de forma lenta nas manobras, por causa da longa distância entre eixos.
Se não fosse o pouco peso do conjunto essa característica seria até causa de baixa dirigibilidade, mas isso acaba por não acontecer. Sente-se o esforço necessário no semi-guidão contrário ao da curva para colocá-la no curso correto, mas não chega a ser incômodo excessivo; parece na verdade com o movimento típico para dirigir uma moto grande, mas sem o peso adicional.
O chassi não mudou e se mostra bastante interessante; construído numa configuração bem distinta, desenvolve sua estrutura tubular por cima do motor e conta com uma forte triangulação sobre o eixo da balança traseira. O motor participa como peça estrutural e fica literalmente pendurado na estrutura tubular.
Por isso fica difícil a identificação da distribuição das linhas de força no desenho da estrutura. Não se observa internamente como o motor influi na rigidez do conjunto, mas pela sua fixação fica claro que logo abaixo do canote da direção ele passa a fazer o papel de um berço duplo, conectando as forças desde esse canote até a estrutura por onde se fixa a balança traseira.
Toda tecnologia se torna visível, sem a presença da carenagem. Os cachimbos de vela são na verdade as bobinas de alta tensão; pois é com esse tipo de recurso que se obtém melhor ignição.
Vê-se os sensores de pressão/temperatura do óleo, regulador de tensão, radiador de água em alumínio e as curvas suaves dos escapamentos interligados. O reservatório de expansão do radiador fica do outro lado, à direita do motor e pela saída do escapamento, logo após a junção dos dois cilindros se vê ainda o grande sensor de oxigênio e a expansão necessária à colocação do catalisador, logo acima do link da suspensão.
Esta suspensão veio incrivelmente balanceada, absorvendo impactos na entrada, no meio e nas saídas de curvas em qualquer situação; seja em frenagem ou em aceleração, o comportamento da moto se mostra neutro e sempre pronto a responder aos comandos do piloto.
Apenas com a retirada da lateral preta sob o banco ganha-se acesso ao filtro de ar, de bom tamanho e numa caixa bem dimensionada também.
A Ninja tem freios poderosos e esses não tem jeito. Têm que ser lidados com mãos hábeis e delicadas, pois suas mordidas são potentes e pode-se entrar em situação perigosa de travamento de roda com certa facilidade.
O motor, que como já adiantamos é de dupla personalidade, responde suavemente abaixo de 8000 RPM favorecendo percursos na cidade; no trânsito urbano com muita economia e com força total partindo dos 8000 até 11000 RPM (tem a faixa vermelha em 12500 RPM).
O câmbio tem escalonamento perfeito para mudanças tanto na faixa da gueixa quanto na faixa do Ninja. Nessa hora a aceleração é de moto grande e a tocada deve ser de mãos habilidosas, mesmo com o comportamento neutro do chassi e suspensões.
Com essa mostra a Kawasaki dispõe de um modelo quase perfeito que se colocado ao consumidor em 2010 nessa qualidade e ao preço sugerido de R$15.550,00 atuais, vai abafar.
O consumo neste test-ride serve como referência apenas, pois andamos pouco, e em circuito fechado. Apenas procuramos trafegar em velocidades compatíveis com o uso normal em rodovias e urbano. Foram 173,9 Km que consumiu 6,249 litros de gasolina aditivada, resultando a média de 27,82 Km/l.
FICHA TÉCNICA
Kawasaki Ninja 250R
Motor | 4 tempos, 2 cilindros paralelos, refrigeração líquida |
Cilindrada | 249 cc |
Diâmetro x curso | 62,0 x 41,2 mm |
Taxa de compressão | 11,6:1 |
Sistema de válvulas | DOHC, 8 válvulas |
Potência máxima | 24 KW {33 CV} / 11.000 RPM |
Torque máximo | 22 N-m {2,24 kgf-m} / 8.200 RPM |
Sistema de combustível | Injeção eletrônica |
Sistema de ignição | Bateria e bobina (ignição transistorizada) |
Sistema de partida | Partida elétrica |
Sistema de lubrificação | Lubrificação forçada (cárter úmido) |
Transmissão | 6 velocidades |
Sistema de acionamento | Corrente de transmissão |
Relação de redução primária | 3,087 (71/23) |
Relação da 1a marcha | 2,600 (39/15) |
Relação da 2a marcha | 1,789 (34/19) |
Relação da 3a marcha | 1,409 (31/22) |
Relação da 4a marcha | 1,160 (29/25) |
Relação da 5a marcha | 1,000 (27/27) |
Relação da 6a marcha | 0,893 (25/28) |
Relação de redução final | 3,071 (43/14) |
Sistema de embreagem | Multidisco, em banho de óleo |
Tipo de quadro | Tubular diamond em aço de alta elasticidade |
Inclinação / Trail | 27° / 85 mm |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico de 37 mm |
Suspensão traseira | Uni-Trak com amortecedor a gás com pré carga ajustável em 5 modos |
Curso da suspensão dianteira | 120 mm |
Curso da suspensão traseira | 130 mm |
Pneu dianteiro | 110/70-17M/C (54S) |
Pneu traseiro | 130/70-17M/C (62S) |
Freio dianteiro | Disco de 290 mm em forma de margarida, pinça com pistão duplo |
Freio traseiro | Disco de 220 mm em forma de margarida, pinça com pistão duplo |
Ângulo da direção (esterço) | 35° / 35° |
Dimensões C x L x A | 2.085 mm x 715 mm x 1.115 mm |
Distância entre eixos | 1.400 mm |
Distância do solo | 130 mm |
Altura do assento | 775 mm |
Capacidade do tanque | 17 litros |
Peso a seco | 152 kg |
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