sábado, 16 de outubro de 2010
Harley Davidson Fat Skull
A história de Fernando Costa tem muitas facetas, formas, cores, estilos e destinos. Neste grande caleidoscópio da vida real, o arquiteto de formação já rodou o mundo. Fotógrafo especializado em moda e beleza clicou gente famosa para revistas como Vogue, Playboy, VIP e Elle. Morou mais de 11 anos fora do Brasil, entre Europa e Estados Unidos, e é um apaixonado por máquinas e motores. Amor dos tempos em que era piloto de carros Formula, na década de 80. Porém, Fernando se rendeu às curvas das motocicletas, principalmente àquelas equipadas com motores “V2”. Retornou ao Brasil em 2000 e, em 2006 se transformou em um construtor de projetos ousados sobre duas rodas.
Como todo surfista que busca a onda perfeita, hoje Fernando busca a moto perfeita. Enquanto ela não fica pronta, o paulistano vai concretizando suas ideias e, é claro, construindo motos customizadas. Sua avant prémiéré aconteceu no São Paulo Moto Festival, realizado no ano passado no Autódromo de Interlagos (SP). Com sua obra-prima, a Lord Nathan foi a primeira moto brasileira a estampar a capa da revista Custom Machine, uma das mais conceituadas da Europa, dedicada ao segmento.
Para queimar borracha
Agora sua oficina, a Spades Kustom Cycles, apresenta hoje, 29/10, em um bar do boêmio bairro da Vila Madalena (SP), a mais nova criação: a Fat Skull. Uma moto clean que foi customizada em 60 dias e consumiu um investimento – entre pintura, acabamento e mão-de-obra, além de outras soluções estéticas e peças exclusivas – de pouco mais de R$ 25 mil.
“Para mim, design, desempenho, dirigibilidade e excelência nos acabamentos são prioridades. Não crio motocicletas para servirem como peças decorativas no meio da sala. Faço motos para ‘queimar a borracha’ na estrada”, conta o customizador, que nesta criação optou por um “pretinho básico”, porém fosco e envelhecido.
A base para o projeto é uma Harley-Davidson Fat Boy, um dos modelos de maior sucesso da marca americana. O objetivo era transformar este ícone em uma autêntica “Rat Rod”, derivada da escola “Hot Rod”, mas com ar de moto velha, surrada, enferrujada, só que com a parte mecânica “zerada”.
Com o trabalho focado na parte estética, o primeiro passo foi desmontar totalmente a moto. O para lama traseiro foi recortado e o dianteiro foi descartado. No seu lugar, um novo feito artesanalmente.
Alfaiataria em duas rodas
Como diferencial, a Spades Kustom Cycles tem um diretor de arte que cuida da perspectiva das imagens que serão inseridas na moto. No caso da caveira de capacete que está estampada na lateral do tanque de combustível, o desenho foi desenvolvido a partir de duas estampas de camisetas que Fernando trouxe dos Estados Unidos.
As rodas, a moldura do farol (batizada de cabeça de touro), as tampas do motor, as pedaleiras, a polia, as espadas, e os parafusos externos, entre outras peças, receberam pintura eletrostática. As outras peças – escape e haste do espelho, por exemplo – também passaram por um processo exclusivo e artesanal na qual ficam com aspecto de cromo fosco. Já o novo filtro de ar preto, com filetes cromados, ficou muito parecido com o acabamento dado ao motor. A grande colcha de retalhos começou a ganhar forma.
Para dar um aspecto mais retro, a Fat Skull recebeu uma lanterna traseira inspirada na década de 40 e guidão Z-Bar. Detalhe: não há no punho direito burrinho de freio e muito menos os comandos de acionamento de freio e de luzes. Agora o freio é acionado apenas pelo pedal do lado direito da moto. Quando o piloto precisa brecar a moto, o sistema transfere 70% da força da frenagem para a roda dianteira e 30% para a roda traseira.
Já os comandos elétricos – inclusive a partida – foram transferidos para o painel da HD, que fica sob o tanque. Além disso, a suspensão traseira foi rebaixada em duas polegadas. Na parte mecânica nenhuma alteração. O motor desta HD tem 1600 cm³ de capacidade cúbica e câmbio de seis marchas, como original.
A moto, com pintura envelhecida e um excelente nível de acabamento, é repleta de detalhes que a tornam um projeto diferenciado: sanfona na suspensão dianteira, o “Ás” de espada, símbolo da Spades Kustom, inserido nas tampas do motor, além do reposicionamento dos piscas, tudo na melhor referência aos Hot Rods. “Não queria elementos que se destacassem demais como, por exemplo, uma gravata colorida em um terno preto. Busco uma harmonia entre forma e estilo”, conta Fernando Costa, dizendo que seu estúdio de customização também produz peças e acessórios exclusivos. Como um verdadeiro alfaiate, o customizador da Spades cria motos sob medida para atender aos anseios de seus clientes.
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